terça-feira, 3 de março de 2009

Eficácia versus criatividade...

Parece existir uma aparente incompatibilidade entre a função artística e a eficácia social... tradicionalmente, o artista é ocioso e boémio; o cidadão comum, trabalhador e respeitável.

A criação artística, interiorizados e dominados os parâmetros técnicos (teóricos e práticos), alicerça-se na contemplação dinâmica e disponibilidade mental para o subjectivo. A eficácia social depende da fixação de objectivos, calendarização, execução exacta, restrição à função específica, para o normal funcionamento do todo. Extrapolação, derivação e improviso, são entraves ao bom funcionamento dos sistemas programados; porém, condição essencial ao desempenho criativo. A eficácia da máquina social deriva da observância de padrões; para o artista, é o exercício da satisfação e do livre arbítrio que determina os resultados.

Felizmente que arte e artistas são parte do tecido social, e desempenham, apesar da aparente contradição, a função de harmonização e apaziguamento das tensões do indivíduo consigo mesmo e com o todo social.




Expulsão do Paraíso (pormenor), óleo sobre tela

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