sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Como fazes para pensar por ti?"

Transcrevo um pouco de Jorge de Sena...

" Certa vez, um inimigo meu que passava e ainda passa, graças à sua produção copiosa e hebdomadária, por crítico literário(...) e que nesse tempo sabia muito pouco inglês, dizia que a minha poesia e a de outros amigos meus era desse inglês traduzida. (...) um amigo meu que não fazia versos «traduzidos» ou não, e que fora meu colega de curso. Certo dia, anos passados, visitando-me na minha casa de Lisboa e vendo-se rodeado de livros até ao tecto, perguntou-me muito honestamente:- Mas tu, quando escreves, não metes do que lês no que escreves? Como fazes para pensar por ti? -. A 3ª anedota passou-se com um erudito competentíssimo e digno, cujo carácter creio ter motivos para prezar. Dizia-me ele:- Vocês nunca citam nada, nunca fazem uma citação, nunca dão uma abonação -. E estranhava sinceramente a prática.
Em face destas três históriazinhas, que há-de um pobre homem fazer?"


(in - o reino da estupidez - Livraria Morais Editora - Lisboa 1961)

As maldades que lhe fizeram estão feitas; não têm remédio agora.

Justas e merecidas são todas as homenagens que lhe fizerem... mas talvez a mais apreciada, fosse ver os seus textos estudados nas escolas!


Ilustração para um dos seus sonetos a Afrodite Anadiomena

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