quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Deambulações...

Há alguns dias atrás, manifestava-me um amigo a sua dificuldade em compreender a minha não-fixação num único meio, e nem sequer numa única disciplina; passando para outra diferente quando, "...o que deverias era optimizar o know how e construir uma imagem para o mercado, porque é assim que se obtém reconhecimento e fama." (Palavras desse meu amigo, ipse verbis!)
Da fama disse Herberto Helder: O prestígio é uma armadilha dos nossos semelhantes. Um artista consciente saberá que o êxito é prejuízo. E talvez diga eu algo noutra altura. Quanto à minha derivação por entre técnicas e disciplinas... a mim parece-me natural. É exercício de liberdade, e resulta da minha concepção de artista e de obra de arte. Desde menino que eu soube que era artista... e quis sê-lo. Mas ser artista é criar... que, para além da auto satisfação, não garante nada, sobretudo fama contemporânea!
A mim, o que importa é o exercício da criação, a procura de soluções, a experimentação e aprofundamento da imagética e ideário pessoal; que é o contributo que o artista dá ao mundo. Então, se é à arte digital e ao cinema de animação que o meu desejo me leva (como antes à pintura, à escultura em vidro, à gravura...), porque não trabalhar aí?! Porquê ficar o resto da vida a repetir soluções já encontradas, e não questionar noutras disciplinas? Afinal nem sequer chego a saír do universo das artes visuais. É só outra direcção possivel na imensa encruzilhada; e mesmo nas disciplinas ou técnicas já abordadas, se novas questões se me puserem, a elas voltarei então.

Claro que eu sei que vivo numa sociedade que é sobretudo consumista; e que, constituída por milhares de milhões de consumidores, precisa de muitos objectos semelhantes, para que muitos deles possam possuir pelo menos um. Acontece que essa não é seguramente uma preocupação minha. Para isso há as réplicas e os replicadores.

Compreende-se o mundo por projecção do que somos; entende-se melhor o que nos é semelhante. Não é fácil compreender a diferença (que sempre nos será exterior), mas que ela existe... existe!

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